segunda-feira, 26 de novembro de 2007

__________________________________________________________________________
* Nota: DOGVILLE é um super filme! Finais felizes só escondem o que somos: humanos, não importa onde nem de que lado estamos.
__________________________________________________________________________
".Os momentos bons eu sinto.
.Não que pensar deva ficar para os "meio-segundos" chatinhos.
.Um história bonita é sempre bonita e o que interessa não é se valeu a pena um dia, mas, sim, se ainda está valendo.
.Se o resultado não é bom, é pq a conta estava errada.
.Amar é só amar.
.E sentir é diferente de pensar, e isso não é assim tão óbvio na prática - como pode parecer. "
Miltinho - Amor
[ http://www.veritasodiumporit.blogspot.com ]
" Talvez não ser, é ser sem que tu sejas... sem que vás cortando o meio dia com uma flor azul. E desde então, sou porque tu és. E desde então é... Sou e somos... E por amor... Serei, serás, seremos..." (Neruda)
"Quando amamos, queremos que nossos defeitos permaneçam ocultos, não por vaidade, mas porque o objeto amado não deve sofrer. Sim, aquele que ama desejaria aparecer como um deus, e isto não por vaidade. " (Nietzsche)

05/10/06

.O mundo taí, acontecendo, sol ardendo, chuva caindo, gente ficando resfriada...
.tudo que falei até hj nunca foi exatamente o que eu queria falar.
.Fazer cara feia de verdade.
.Não adianta reclamar que os políticos não fazem nada se nós mesmos resolvemos deixar que eles façam tudo.
.Lamento por não ter vontade de fazer muita coisa que faço.
.A mulherzinha lá, esses dias apontou o dedo pra mim e disse: "Credo, minha filha, que coisa horrível, Jesus não aprova isso não! Nosso corpo é o templo de Deus..."
.piercing é uma questão de escolher onde se quer ter brinco, e brinco é furo de qualquer jeito.
(E julgar? Pode, minha senhora?)
.A gente prefere ficar calado para não machucar, mas outras pessoas não têm senso.
.Quando deveriam se importar com o que fazem das suas vidas e o que fazem de bom - tanto pra si mesmo quanto pra quem tá perto, não adianta beter o bedelho na vida alheia se vc não tiver algo útil para oferecer.
.Pq pensar nas gerações futuras se não estaremos aqui? (EGOÍSMO)
.Pra melhorar o mundo é preciso enxergá-lo como seu.
.Não sei eu.
.Não nasci pra viver.
.Espero não demorar pra começar o curso de desenho.
.Tudo funciona, na maioria das vezes de um jeito que eu não gostaria (ou não havia pensado antes), mas os resultados são exatamente como sonhei.
.Sonhos...
.MOVA-SE!
.Que se dane se eu não sei me expressar aqui nesse fotolog, ou em qlqr texto tosco nas minhas agendas.
.Eu tô aqui, longe mesmo.
.Tentando me aproximar do que eu gosto.
.Pensando que as coisas podem ser melhores.
.E que as possibilidades existem.
.Mas tem gente teimando em dizer que não.
.Que é isso e acabou.
.Tirando ânimo de quem precisa.
.Fechando porta de quem já havia desacreditado na ultrapassagem de paredes...
.E essa de esquerda ou direita?
.De que importa o lado?
.O povo é um só! Tem uns dando ração importada pros seus cachorros babões, enquanto gente come feijão estragado de vez em qdo e vota no Lula!
.Eu também gostaria de ter mais oportunidade!
.De ajudar ou aprender a fazer isso direito.
.Tem professor pilantra faltando 1 mês e sufocando seus alunos de trabalho qdo era pra já estarem de férias e ninguém abre a boca?
.Tão criando cotas, fazendo programas para colocar mais gente pobre em faculdade particular, largando as universidades públicas e jogando as crianças do país nas creches que qse nada fazem por elas.
.Não adianta fazer filho e esquecer de criar, de transformar em pessoa do bem, em mostrar que nem todo mundo é tão amiguinho e que independente de como as coisas estiverem ele irá poder contar com vc sempre.
.Tem gente fazendo gente adoidado. E isso me preocupa.
.As crianças não são o futuro, elas estão conosco.
.E os adolescentes precisam de ajuda. Como todos nós.
.A gente cresce e se conforma?
.Só quem quiser isso.
.O que é votar?
.É ser participativo?
.HA-HA.
"Mas, as idéias são recebidas de maneiras diferentes em casa meio.A subjetividade leva a interpretações distorcidas de grandes sentimentos, a natureza de cada lugar leva a interpretar um pensamento de várias formas."

(parte de um texto meu publicado num blog velho e que não me agradou...)

"Dai-nos um prazo, uma breve união para vermos se somos capazes de uma longa união. GRAVE É SER SEMPRE DOIS." (Nietzsche)

Uma menina, uma moça, uma mulher; uma menina de novo. Agora a vejo como é: em seus conflitos, em suas ânsias e fraquezas. Percebendo sua fragilidade, descobri o quanto ela é forte. Já falei com seus olhos, ora os mais felizes, ora os mais tristes do mundo. Suas lágrimas já se misturaram às minhas.

Sua mão agora mostra um horizonte intransponível: azul, escuro. Um horizonte cinza, cerceado de nublado. Muitas vezes essas escuras nuvens me enchem de receio, medo e insegurança.
A menina parece não se preocupar: - Vem comigo?! – Pula sobre minhas costas, me enlaça o pescoço e pede para irmos logo. – Vamos aproveitar que está dia e ainda conseguimos enxergar o caminho.

- Mas e se ficar noite, menininha? – Supunha eu, esperando algum tipo de entrave.
- Eu tenho medo do escuro. – Respondeu altiva.
- Eu também tenho.
- Então anda logo.

Ela parece tão segura de si às vezes, mas essa segurança me parece ser fruto de sua própria incerteza, “certa” de coisas que passaram e que podem se repetir, mas que nunca foram.

Já há um mês estamos andando rumo ao horizonte lá longe. Já encontramos alguns abismos e vales no caminho, mas a menina sempre os contorna. Há alguns dias levamos um tombo. Fiquei caído ao chão um tempo, ela levantou e continuou a viagem sozinha por algumas horas. Eu estava consciente quando ela ainda se despediu. Disse-me que não queria depender de mim para chegar ao horizonte desconhecido, que queria estar do meu lado sem motivo. Reconheci sua destreza, a deixei ir. Precisava agora de um tempo para recuperar-me da dor do tombo e retroceder no caminho de volta.

Todavia, quando virei-lhe as costas, decidido a voltar pra minha casa, a menininha saltou novamente em minhas costas, e agora, além das mãos enlaçando meu pescoço, suas pernas abraçavam forte minha cintura.

- Não me deixa ir sozinha. Não quero te perder, ir sem você. Tenho medo.
- Mas foi você quem quis ir sozinha, menina.
- Eu sei, mas não quero ir mais. Sinto tua falta.

É tão difícil, nunca sei se to fazendo a coisa certa. Mas que importa se é certa quando gostamos tanto de alguém?

Ali, selamos novamente um acordo tácito, silencioso, intenso.

O caminho é sinuoso, principalmente para nós que procuramos justamente as curvas, as pedras. Como doem nossos pés, principalmente quando pensamos neles, como doem!

Hoje chegamos a um jardim cheio de flores e borboletas. Deitamos na relva para descansar um pouco, então todas as borboletas foram embora. Pensamos que nós havíamos espantado-as. Será que estamos fazendo o certo? Será que as borboletas sempre irão embora?

- Para mim, as borboletas não são tão importantes assim – Retrucou a menininha, cheia de si.
- Nem para mim. – Respondi.

Então ficamos contemplando o céu azul, e conversando coisas banais sobre nossa jornada.

On [O tempo passa e somos cada vez mais o “outro”, literalmente. Não entendo bem o que se passa comigo, nem é meu objetivo saber. Antes, pensava que o amor nascesse da convivência, hoje não sei mais o que penso e nem sei se o conceito de amor que eu tinha continua o mesmo. Um mês parece pouco tempo para um “eu te amo”; mas acreditem, eu a amo. Vez ou outra, penso no começo, nas conversas sobre livros, filmes e letras de músicas dos Los Hermanos: “abre essa porta, VAI, POR FAVOR!”... “AH, VAI, me diz o que é sufoco que eu te mostro alguém...”. Interjeições que nos fascinavam, que nos fascinam! Coisas simples!Meu afeto sempre existiu, e sempre foi especial, o carinho sempre foi maior pela menininha de olhos grandes e sotaque engraçado típico de interior. Talvez, inconscientemente já soubesse desse sentimento, mas estava em estado latente, uma espécie de “vontade de potência” (F.N.).

Um CD, um abraço, um perfume, um lugar, um “tchau”...
Uma ligação...
Um retorno, um sorriso, um abraço, outro lugar, outro perfume!
Um alguém, outro lugar, mensagens de celular, um pedido de casamento, um CONTRATO (será que eu vou conseguir não falar nesse contrato um dia? J), uma estupidez, um aprisionamento, uma desilusão...
Uma noite, um convite, uma boate, uma outra menina, um beijo, um olhar...
O dia seguinte, um telefonema, uma visita, um sorvete, um passeio...
Mais passeio...
Conversa, indiretas, metáforas...
(parte impossível de descrever pelo excesso de subjetividade objetiva). Hahaha!
Mais passeio... Mais conversa...
Um semáforo, uma cor, um beijo... Um beijo... Um beijo...
Aaaaaaaaaahhh, outra cor!!!!!!
Outro perfume] off

Eu poderia agradecer a deus pela menininha, mas eu não acredito nele. Eu poderia me considerar um homem de sorte, mas vá lá, eu também não acredito muito na sorte... O que posso fazer é admirar o acaso, a fortuna, me espantar pela maneira com que as coisas acontecem e, finalmente, me orgulhar por fazer parte de todo esse complexo que insistem em simplificar, ou dessa simplicidade que insistem em dificultar, sei lá.

A menininha revolta-se (inconstante!):
- Mas por que temos que ir até o horizonte? Olha lá, tão nublado. Todo mundo quer chegar a esse horizonte. Mudei de idéia, eu não quero mais ir pra lá, prefiro aquele terreno lá ao longe, onde as árvores dão frutos doces e sombra fresca, onde tenho tudo para ser apenas eu mesma. Eu só quero ir pra aquele cantinho.

Respondi:
- Mas, veja menina, seu cantinho é além do horizonte, e para chegarmos lá, precisaremos passar pelo horizonte e por onde todos estão passando, parando e ficando. É que nós temos “força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê”.

- Mas será que teremos força para ultrapassar o limite de todos que foram e pararam?
- Não sei minha linda, não sei.

O tempo foi passando e fomos cada vez mais nos conhecendo, e esse conhecimento não é sinônimo de cansaço, igualdade, previsibilidade; é o novo todo dia, uma rotina gostosa, “desrotinada” é o riso diferente, é um tocar mais profundo, é um “estranhamento” a cada beijo, a cada olhar. Uma interpretação nova para um rosto agora familiar e presente. Aprendi que o problema não é você se acostumar com uma pessoa todo dia, é você se acostumar com o que você acha que ela é ou representa, ou ainda, com o próprio conceito que fora construído para ela. Quando humanos viram modelos ou idéias pré-concebidas, deixam de ser humanos e viram coisas. Coisas as quais se olham e já se sabe por que não vale à pena tê-las para si: são apenas um amontoado de idéias iguais, sobre uma realidade real e mutante que nada tem a ver com o amontoado de idéias do ser-humano-coisa. Não que não se deva ter um ideal, uma visão; muito pelo contrário, é necessário que tenhamos, porém, essa visão e esse ideal devem ser freqüentes alvos de mudanças, devem estar livres de estereótipos de interpretações simplistas e opacas.

Livremo-nos de um dia assemelharmo-nos ao ser-humano-coisa, estagnado, aleijado no horizonte.

- Eu só queria o meu cantinho – continuou a menina insatisfeita.

- Seu objetivo é um “fim”. Andar por esse caminho, passar por essas dificuldades e estar aqui comigo podem ser só um meio. É certo o pensamento de que não desejamos o objeto desejado, mas sim o desejo. Talvez depois que você consiga chegar ao seu destino, perceba que a melhor parte da sua vida, foi o caminho até a chegada. Tudo o que foi vivido, aprendido, cultivado... É disso que sentirás falta quando chegar ao seu simplório lugarzinho.

- Eu só queria deitar embaixo daquelas árvores, era só isso. Só queria meu lugarzinho.

- Ainda bem que não me entendeste, menininha. Talvez ainda não seja realmente hora.

Continuamos a viagem rumo ao horizonte e a chegada, enfim, estava cada vez mais próxima.

Depois de muitas histórias; de muitas alegrias e tristezas, sorrisos, lágrimas, frio, calor, conflitos, reconciliações e reencontros, chegamos ao horizonte tão cobiçado... “É preciso criar laços”. Sim, não é somente aconselhável, é PRECISO criar laços, e, além disso, o mais difícil: “mordê-los bem para que não se desfaçam”.

Passamos algum tempo olhando tudo e todos, descobrimos que aquilo era lugar nenhum. Continuamos a viagem, rumo ao cantinho da menininha, que a essa altura, estava em êxtase.

Acomodamo-nos ao lugar, tivemos sombra, alimentos e vida simples durante algum tempo ignorado.

Certa manhã, a menina acordou chorando, soluçava com os olhos encharcados de lágrimas. Deitada junto a mim, disse-me que sentia falta da estrada, do caminho, da viagem. Lembrou que não cultivara nem cativara nada. Deixou algumas sementes, mas não cuidou para que germinassem.

Ela descobriu que a verdadeira completitude do ser estava em fazer o caminho valer à pena, fazer valer o esforço e olhar pra trás vislumbrando as flores que foram plantadas, e a luz deixada na estrada.

Descobrimos que o “lugar nenhuma” é realmente lugar nenhum. É a presença do agora. É verdade que o sentido da vida está na busca constante, todavia, essa busca não pode limitar-nos. Como se sabe, as borboletas acabam vindo até o jardim quando se cuida bem dele, e o caminho sempre será diferente se conseguirmos mudá-lo a cada olhar. Não a mudança radical e a revolta infundada. É entender que uma folha cai, é olhá-la cair e contempla-la no chão. Saber que um dia ela já esteve lá em cima, que já foi de outra cor, que passou por tempestades, sol, vento, que enfim, irá se decompor e virar pó.

A menininha pegou suas coisas, saiu do seu cantinho e começou outro caminho. Sempre, sempre em busca de “lugar nenhum”, o verdadeiro lugar, o lugar que não é simplesmente geográfico e material, mas principalmente, o “lugar nenhum” do lado de dentro.

- Eu te amo.
-Também te amo, minha menininha. Adeus.

Com lágrimas nos olhos, a vi partir. Ela não olhou pra trás, ao longe vi as borboletas se aproximarem dela novamente, agora elas acompanhavam minha menina, que desapareceu no outro horizonte e que, certamente, deve ter encontrado seu verdadeiro lugar.

-fim-

...
Verdadeiros sentimentos não são julgados pela intensidade, mas sim pela sua duração, e acho que mantê-los é tarefa dos mais fortes. Nem sei se somos tão fortes assim, mas ao contrário dos meus relacionamentos passados, o tempo passa e meu amor por ti aumenta, aumenta e aumenta.
...
“Coração tem aquele que conhece o medo, mas domina o medo; o que vê o abismo, mas com arrogância”. (F.N.)

E lembre-se: “você é o Oceano Pacífico, você é o Universo...”
HaHaHa!
...

Cleomilton Filho, 11 de setembro de 2006.
[ ♥ ]
[ http://www.fotolog.com/in_wonderland/10265930 ]

"Cada minuto é uma chance de virar a mesa." - Sofia, Vanilla Sky.

As coisas mudam...
[ http://www.fotolog.com/in_wonderland/10218703 ]
Eis o Bolinha, como amigo.

[ http://www.fotolog.com/in_wonderland/10056479 ]
Ser humano
[ http://www.fotolog.com/in_wonderland/9734339 ]
(Na minoria das vezes as pessoas enxergam aquilo que eu quero que elas vejam-ou aquilo que elas deveriam ver-, e qdo isso acontece, pra mim é como o ar fresco que vc inspira bem depois de muito tempo prendendo a respiração.)

Bobagens...
Indie
[ http://www.fotolog.com/in_wonderland/9347247 ]

Desembro de 2005

Quando você carrega algo pesado...
Quando você precisa carregar isto...
É exaustivo e em muitos momentos parece que suas forças vão acabar de repente e que você vai desistir de ter que carregar tudo aquilo...
Mas o peso da responsabilidade e da ânsia pelo dever cumprido é bem maior...
Você sente que sua carga em certos instantes tende a querer escapar do seu ombro, como se tudo conspirasse para que todos os seus esforços caiam por terra... e por mais farto que você esteja de levar esse peso e ainda ter que reajustá-lo exaustivamente em seus ombros, a necessidade de carregar supera tudo.
A sensação de se livrar daquilo antes da hora certa te incomoda muito, chega a ser doloroso.
Mas chegada a hora de soltar, de se livrar do que te trouxe tamanha exaustão, você de uma maneira revoltante percebe que havia se acostumado àquela dor.
E descarregando o peso sobre o solo aos poucos, começa a sentir os músculos tremendo... seguido de uma fraqueza até pouco tempo desconhecida...
E você sente um alívio...
Bom, esse alívio é a melhor parte.



*Texto velho e cansativo, na minha opinião.
;P
.Fotolog:
[ www.fotolog.com/in_wonderland ]

.Uma série boa?

[ http://www.fotolog.com/in_wonderland/8945780 ]

Menina - Parte 2 [escrito em 19/05/05]

De onde ela estava, observava aquilo que na verdade precisava ver...
Estava cansada e com um receio inexpugnável que nasceu dentro dela.
Sentia-se ameaçada pelas coisas mais simples e completas dos seus dias...
Quando saía, temia que seus passos a levassem para um lugar estranho, lugar onde seus gritos por socorro não seriam ouvidos e sua fé seria insignificante.
O problema dela não era de sair e conhecer um lugar novo.
Seus desespero não ultrapassava os limites do vagão.
Vagões íntimos de sua rotina como nenhum outro haveria de ser...
Porque durante todo seu percurso ela buscava respostas.
Ninguém além dela, ninguém além deles.
Suas dúvidas nunca eram concretas o suficiente para que pudessem alcançar uma resposta.
A fragância da sua vida não era mais um daqueles perfuminhos do O Boticário, o cheiro de freio queimado atingia-lhe as narinas de forma repugnante.
Aquela atmosfera que se constituía na ida a na volta e que se dissolvia facilmente, era abominável.
Os minutos de reflexão, de auto-conhecimento a feriam, agora...
Desejava com todas as suas forças que seu medo fosse exterminado, que o guarda florestal atirasse nele com a bala paralisadora e o abrisse ao meio, retirando de seu estômago fétido todos os seu sonhos, engolidos outrora, quando desacreditava neles.
Mas não sabia como acabar com ele, já que o abrigava, dava de comer, beber e uma cama quentinha...
Já não se sentia confortável no vagão.
Não adiantaria as portas abrirem, a coragem não fazia mais parte do seu ser.
A coragem de fazê-la ir atrás de algo melhor, qdo isso não era 100% garantido, havia comprado uma passagem só de ida pra algum lugar distante demais para que pudesse ser trazida de volta.
O vão entre o trem que oscilava e a plataforma fixa ainda existia.
O seu medo também.
Mesmo que lhe oferecessem a mão lá fora, ela ainda veria o vão.
Sua insegurança era absurda.
Dessa vez ela não estendeu a sua.
Olhou o vão novamente.
O alguém lá fora deu um passo a frente:
“Venha!”
Mas o vão ainda estava ali.
Ela ainda estava ali.
Deu um passo pra trás:
“Mas eu tenho medo.”
Quem estava disposto a ajudá-la percebeu que realmente o vão era grande.
Abaixou a mão.
Olhou para para o trem.
Olhou para ela, que olhava para baixo, mais afastada ainda.
Ele estava mto próximo do vão.
Sentiu medo também.
Alguns passos para trás.
E a distância entre eles era ainda maior.
Ela e a plataforma.
Ele e ela.
As mãos que não se encontraram.
Os medos que criaram distância.
A distância que criou mais distância.
E as portas se fecharam....

Previsões Invisíveis

04/05/05

8:25h

Em aula.
Professor explicando a matéria.
Sistema Linfático, corrigindo exercícios.
A “tia” da cantina acabou de interromper a aula, veio saber quem iria encomendar os lanches.
Acabou de sair.
De volta a Biologia, professor fez uma pergunta pra classe...
Eu pensando onde vou estar daqui exatamente um ano.
Aqui, ninguém estará, não nessa sala, não com essa turma.
Não sei. Tô preocupada.
Pode ser que daqui um ano eu não esteja mais no Brasil.
Ou não esteja em lugar algum.
Ou esteja em algum lugar que ainda não sei.
Professou acabou de falar que a próxima aula é sobre vegetais.
Falou sobre o simulado também.
Mudanças.
Elas sempre chegam de repente.
Mas essa foi a que mais me surpeendeu e a que parece estar mais distante. [ ? ]
Dúvidas.
Não na matéria.
Na vida.
A aula de Biologia acabou.
Geografia agora.
Essa matéria que tanto me identifico... talvez por esse motivo ela não me agrade.
Quando a vida nos faz sentir que o futuro depende dos nossos passos, que ele está nos nossos pés, é como se os cadarços estivessem amarrados um no outro.
Corrigindo exercícios da aula passada.
A professora parou para atender uma aluninha de outra série que apareceu na porta.
Retomamos a correção.
“5- B[bola]”
Será que eu terei onde me apoiar caso eu tropece?
Preciso cuidar dos sapatos.
Estudos...
Ah! Eles mudam e estão mudando essa cabecinha.
Apostila: PAÍS POBRE, PAÍS RICO.
O que eu faço?

8:50h

Menina - Parte 1 [escrito em 10/04/05]

Era fim de tarde.
A menina a frente da porta do trem...
Tomava aquele que havia se aproximado mais da plataforma.
Depois de um dia de liçoes e tormentos.
Cansada.
Nada havia em sua mente a não ser a imagem de todas aquelas pessoas que passaram por sua vida.
Pessoas diferentes.
Engraçadas, sérias, feias, bonitas, pobres, ricas e de todas as formas e tamanhos.
Pessoas.
Diferentes, mas muito iguais praquela menininha.
Tiveram a mesma essência, o mesmo objetivo e o mesmo gosto.
Todas.
Que serviam de meios pra que ela fosse se conhecendo...
Aprendendo mais consigo mesma.
E percebendo que todas elas vinham e iam.
Entravam na sua vida, a ensinavam uma nova canção e depois iam atrás de novos cantores...
A menina lembrava de todas aquelas músicas, enquanto as confundia com o barulho do trem.
Olhava praqueles rostos estranhos... e imaginava quais daqueles, um dia, faria parte de sua vida realmente.
Pensava na sua vida...
E por muitas vezes tentava descobrir o sentido disso...
Viver...Sinônimo de respirar?
Tentou respirar fundo, mas o ar não era agradável...
Sorriu, por não entender mais uma vez.
Várias estações até chegar a sua.
As portas do trem se abriram.
Ela encarou o vão que a separava da plataforma...
Olhou a plataforma.
Se viu dentro do trem.
Nenhum passo.
Algumas pessoas pularam na sua frente, outras deram a mão aquelas que se encontravam firmes na plataforma.
Uma metáfora.
Colocada em prática.
Estranhos estenderam suas mãos.
A menina não se movia.
Mãos que teriam força para puxá-la se não conseguisse alcançar a plataforma?
Como saberia?
Precisa voltar para casa, tinha tarefas a cumprir.
A vida continuava fora do trem.
O trem não se moveu.
Até que as portas se fecharam.
A menina no trem esperava a próxima estação...
Novamente as portas de abriram.
Ela encarou o vão novamente.
Esse era menor.
O perigo havia passado.
Sentiu-se segura na plataforma de cimento velho e sujo.
Tomou o trem de sentido contrário.Na sua estação pode pular o vão que não era largo qto o primeiro, nem tão estreito como o segundo.
Mas a distância permitia um passo curto e ligeiro...
Os passos da menina.